6 de dezembro de 2012

Jovens universitários que fazem a diferença

No início de 2010, os amigos Lucas Iglesias (22), natural de Aragarças (GO) e Francisco José (20), filho de Barra do Garças, na época acadêmicos do 3º semestre de Jornalismo na Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) – Campus do Araguaia, criaram uma página na internet chamada “Anormal”. No site, os estudantes queriam mostrar suas opiniões através de textos e assim fazer dessa página um meio para a prática da futura profissão de jornalistas. Os jovens, admiradores do futebol e leitores assíduos, sonhavam com que seus textos pudessem despertar na juventude local maior senso crítico, desejavam trazer conteúdos diferenciados, e usar de maneira consciente a internet.

Logo perceberam que poderiam ir mais além e, em agosto de 2011, criaram o grupo Anormal e começaram a atuar na produção de eventos e projetos culturais. Ousados, os “jovens empreendedores” apostaram no diferente. Primeiro, realizaram um Cine Luau, um cinema ao ar livre, onde o público podia deitar na grama para ver o filme e depois curtir um show ao vivo de música popular brasileira (MPB). Depois, investiram alto em um Stand - Up Comedy, com Marcelo Mansfield e, em agosto deste ano, trouxeram a Barra do Garças um show nacional de pop reggae rock, com a banda FORFUN, vencedora do prêmio VMB (MTV) de melhor banda de rock em 2009.

“Buscamos fazer com que a comunidade de Barra do Garças mude sua cultura, entenda melhor o sistema, saiba se defender e conheça um pouco de tudo”, evidenciam os rapazes.
Em entrevista ao InfoCampus, Lucas e Chicão (como é conhecido Francisco) contam como foi a experiência de nos últimos dois anos, terem lutado para serem jovens que fazem a
diferença.
Lucas e Francisco ministram palestra no Simpósio de Jornalismo
em Alto Araguaia - MT

InfoCampus – A primeira pergunta, é aquela que vocês mais devem ouvir, por que Anormal?


Grupo Anormal: Anormal significa sermos jovens que pensam em fazer a diferença. E sabemos
como isso é difícil pela nossa idade. Temos que fazer através de nossos esforços e acreditar que podemos. Não é ser louco, mas ser diferente. O mundo está cheio de pessoas normais, mas o segredo dos vencedores é sair do simples, ser ousado.

IC: Com surgiu a ideia de criação do projeto?

GA: A ideia surgiu em 2010, por uma conversa no bate-papo do MSN. Estávamos no segundo ano
do curso de Jornalismo e pensávamos em fazer alguma coisa para aprimorar o aprendizado na universidade. Conhecemos o blog do Felipe Neto, um jovem que buscou sua ascensão através de uma página chamada Controle Remoto, que foi uma das primeiras inspirações. Com a ideia a cada dia amadurecida, criamos o site que foi chamado de ANORMAL.

IC: De um site na internet a produtores de eventos. Como ocorreu essa mudança?

GA: Vimos que não bastava só escrever. Além desse diferencial, muitos outros deveriam compor o projeto. Tornamo-nos produtores culturais e o site sofreu mudanças. Os textos críticos não vão acabar, temos o anseio de montar uma produtora, trazer coisas que a cidade nunca esperou. O site hoje conta com apoio de
empresas. O site nos ensinou. Abriu as portas. A ideia era manter só a página, mas tudo se modificou. O sucesso viria pelos textos.

IC: Como foi o primeiro evento que produziram?

GA: O primeiro evento grande começou sem nenhum dinheiro. Foi um verdadeiro desafio, mas nem
por isso desistimos. O primeiro show de Stand-Up, que ocorreu no dia 03 de dezembro de 2011 em Barra do Garças, foi uma grande experiência. As pessoas deram o feedback e isso serviu de motivação para nós. Depois do primeiro evento realizado, tudo foi ficando mais fácil. As empresas começaram a patrocinar e viram que poderiam obter retorno através da publicidade. Fizemos também um Cine-Luau: cinema ao ar livre, que nos deu um bom retorno e atraiu muitos jovens.

IC: Quais as maiores dificuldades
enfrentadas ?

GA: No início pensávamos que seria fácil, mas ao longo do desenvolvimento do projeto, vimos que não bastava só escrever. Éramos muito moleques, ninguém nos conhecia e o projeto ainda não era concreto. Em Barra do Garças, percebemos que as pessoas não veem a internet como meio de divulgação. Tivemos que tornar o site dinâmico, com atividades do tipo “escreva um texto e ganhe um prêmio”. Além dos textos críticos que levam à reflexão, tentamos agregar entrevistas com personalidades da região, como a do governador do estado de Mato Grosso, Silval Barbosa. Em algumas ocasiões não tínhamos equipamentos para nossas entrevistas, na maioria das vezes improvisamos. Estamos nos acostumando a trabalhar. O sucesso só vai vir assim, trabalhando, suando, acreditando em nosso projeto. A grande sacada é ser apaixonado, sonhar e lutar todos os dias. Além de não dar ouvidos às pessoas, até mesmo familiares, que dizem para desistirmos e nos chamam de loucos. A proposta é fazermos história, é um projeto de anos, precisamos ser pacientes e não atropelar os processos.

Show nacional com a banda Forfun 
IC: Qual evento considera mais marcante?

GA: As palestras que promovemos com um jovem chamado Eduardo Lyra, que passou um pouco de sua experiência. Reflexões trazidas por ele, - como a importância dos detalhes que fazem a diferença e da necessidade de investir em pessoas e não em coisas, - foram essenciais para a continuação e a certeza do nosso projeto. Depois desses eventos, começamos a investir em pessoas, pois as pessoas fazem a diferença.

IC: Vocês se inspiram e alguma personalidade ou outro projeto que tem a mesma proposta?

GA: Temos algumas inspirações sim, como Flávio Augusto, fundador da Wise Up e do grupo “Geração de Valor”, e o Eduardo Lyra do projeto “Gerando Falcões”.

IC: Qual o retorno vocês adquirem com o projeto ANORMAL?

GA: O nosso retorno é a ligação com as marcas que nos patrocinam e assim procuramos valorizar essas empresas, sempre as colocando em evidência. Além
de ser a nossa profissão agora, é fonte de conhecimento e de transmissão desse conhecimento.
É a nossa vida. Começamos a ter um retorno em dinheiro, quando aprendemos a dar as pessoas o que precisam e não só o que querem. O que é diferente é atraente. E isso faz com que o projeto a cada dia encontre sua direção e conquiste um público interessado em fazer a diferença, em participar, ler, pensar, refletir, buscar coisas diferentes do comum.

Texto: Muryllo Simon
Foto: Graci Sá

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